Ecoblasa nasceu de um desafio concreto: como produzir energia a partir de resíduos e, ao mesmo tempo, proteger as florestas de São Tomé e Príncipe. Em 2016, ainda recém-licenciado em Agronomia, o jovem empreendedor Elísio Nunes decidiu experimentar transformar cascas de coco em carvão ecológico. Sem capital, construiu o protótipo de sua fábrica no quintal de casa e se dedicou a entender as variáveis do processo de carbonização. O que para muitos parecia improviso, para Elísio era o laboratório onde germinava uma ideia ousada: fabricar briquetes limpos, sem fumaça, com elevado poder calorífico e que utilizassem apenas ligantes vegetais, reaproveitando materiais que antes eram descartados.
Esse período formativo não foi apenas de testes. Ele envolveu uma análise dos problemas sociais e ambientais de sua ilha. O carvão vegetal tradicional exigia o abate de árvores, consumia lenha em fornos de baixa eficiência e provocava emissões nocivas. Ecoblasa surgiu, portanto, da conjugação entre necessidade e oportunidade: havia abundância de cascas de coco – um resíduo agrícola – e havia um mercado que precisava de uma alternativa sustentável. O desafio era como transformar esse resíduo em um produto competitivo e aceito pelo consumidor. Mesmo com recursos limitados, a determinação e a pesquisa de Elísio o levaram a criar pequenos lotes de briquetes que, embora rudimentares, já demonstravam potencial de eficiência e baixa fumaça.
Em 2020, o projeto deu um salto. Ao conhecer o concurso “Empreende Jovem”, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Ministério da Juventude e do Empreendedorismo, Elísio inscreveu o projeto Ecoblasa e foi um dos 27 vencedores, conquistando o Prémio de Inovação. O reconhecimento não só trouxe visibilidade, mas também recursos para investir em equipamentos. O prêmio, somado às poupanças pessoais e ao apoio familiar, permitiu comprar máquinas e adaptar o local de produção – incluindo a construção de um secador eficiente que utilizaria menos energia e garantiria padrões de qualidade estáveis. O empreendedor saiu do quintal improvisado e deu o primeiro passo para uma estrutura semi-industrial.
O salto de Ecoblasa de uma oficina artesanal para uma operação consistente não foi feito apenas com máquinas. O coração do negócio está no briquete – o bloco de carvão comprimido que queima de forma estável, gera muito calor e produz poucas cinzas. Foi nesse ponto que a história se cruzou com a Ignis Bioenergia. A Ignis, que já havia desenvolvido tecnologias de secagem e briquetagem para indústrias no Brasil, foi convidada por Elísio para colaborar na formulação de um briquete específico para cascas de coco.
Ao contrário da lenha convencional, as fibras da casca de coco apresentam alta lignina e baixa densidade. Para transformá-las em briquetes que tivessem alto poder calorífico e longa duração, cerca de duas horas, era preciso ajustar a granulometria, a pressão de compactação e, especialmente, o tipo e a proporção de aglutinantes vegetais. A Ignis entrou com metodologia: ensaios de laboratório adaptados,sequecniamento de tempos e processos, experimentos focados com diferentes ligantes naturais e caracterização dos briquetes produzidos. A meta era encontrar uma mistura que garantisse coesão sem usar resinas sintéticas, reduzindo custos e mantendo a pegada ambiental.
Foram semans de testes comparativos entre fórmulas. A versão final nasceu quando se combinou a casca de coco triturada com uma cola obtida a partir de amidos vegetais e um catalisador mineral de origem local. O resultado atendeu a várias métricas: temperatura de ignição controlada, emissão mínima de fumaça, odor neutro, capacidade de queima prolongada, cinzas ricas em potássio, que poderiam ser utilizadas como adubo. Em paralelo, a Ignis transferiu know-how de secagem rápida, permitindo que os briquetes saíssem prontos para embalagem em tempos curtos. O ganho não foi apenas tecnológico; foi logístico. Estocar briquetes úmidos significava ocupar espaço e capital. Com a tecnologia de secagem da Ignis, o ciclo de produção encurtou e a qualidade ficou consistente.
Essa parceria não foi uma consultoria pontual. A Ignis trouxe sua filosofia de ser humana no trato e implacável com o desperdício. Trabalhou ao lado de Elísio, implementou controles de qualidade e definiu KPIs de produção.. A cultura de tolerância zero ao tempo e espaço ociosos – que Ignis já havia aplicado em outras indústrias – ajudou Ecoblasa a ganhar eficiência e disciplina.
O resultado dessa evolução técnica e de gestão foi imediato. Os briquetes de Ecoblasa passaram a apresentar vantagens palpáveis para o consumidor: não emitiam fumaça, permitindo cozinhar em ambientes fechados com mais conforto; tinham alta densidade energética, o que reduzia o consumo por refeição; sua longa duração, de cerca de duas horas por peça, diminuía a frequência de reposição de combustível. Além disso, como não soltavam faíscas nem produziam fuligem, eram mais seguros para churrascos e fogões a carvão. As cinzas, ricas em minerais, podiam ser usadas como fertilizante em jardins. O produto deixava de ser apenas “carvão”, tornando-se uma solução completa.
A qualidade premium e a embalagem profissional chamaram a atenção dos supermercados locais e fizeram com que o carvão Ecoblasa chegasse a novos pontos de venda, incluindo grandes centros de comercialização em São Tomé e, em seguida, na região autónoma do Príncipe.
No mercado de energia doméstica de São Tomé e Príncipe, tradicionalmente dominado pelo carvão vegetal convencional, Ecoblasa destacou-se por combinar sustentabilidade e desempenho. Em um país onde a renda média é limitada e a procura por fontes de energia acessíveis é constante, a estabilidade do preço – viabilizada pela eficiência da fórmula da Ignis e pela matéria-prima abundante – tornou-se uma vantagem competitiva. Além disso, a estratégia de comunicação valorizou o fato de que cada briquete adquirido ajudava a combater a desflorestação, uma mensagem poderosa em comunidades que presenciam os impactos da derrubada de árvores.
O reconhecimento não ficou restrito ao público consumidor. Autoridades ambientais destacaram Ecoblasa como um projeto exemplar de economia circular. Organizações como o PNUD continuaram a acompanhar o progresso do empreendimento, registrando que, poucos meses após o início das vendas, o produto já tinha feedback positivo e despertava orgulho. A imprensa local e internacional divulgou reportagens sobre a inovação, sublinhando que se tratava de um carvão produzido a partir de lixo orgânico e que ajudava a reduzir a pressão sobre as florestas. Esse conjunto de fatores consolidou a marca como símbolo de inovação africana.
A jornada da Ecoblasa demonstra que inovação real nasce da combinação de ciência, visão empreendedora e parcerias estratégicas. Elísio Nunes começou com uma ideia simples, mas o que permitiu transformá-la em um negócio sustentável foi a busca constante por conhecimento técnico e por alianças que agregassem valor. A Ignis Bioenergia desempenhou um papel fundamental ao fornecer a fórmula do briquete, a tecnologia de secagem e a cultura de gestão que ancorou o crescimento. Juntos, mostraram que é possível transformar um resíduo local em um produto de classe mundial.
No horizonte de Ecoblasa estão a expansão da capacidade produtiva e a diversificação de produtos. Já se planeja a instalação de um forno semi-industrial com maior capacidade de carbonização e o desenvolvimento de embalagens menores para segmentos de menor poder de compra. A empresa também estuda a exportação de briquetes, aproveitando o crescente interesse europeu por combustíveis renováveis e rastreáveis. O desafio agora é escalar mantendo os valores que a originaram: proteger o ambiente, gerar renda local e entregar um produto superior.
Por fim, a história de Ecoblasa é um lembrete de que resultados impecáveis exigem coragem para desafiar o status quo. Ignis e Ecoblasa não venderam apenas um produto; criaram uma narrativa de soberania energética, sustentabilidade e orgulho nacional. Esse legado inspira outros empreendedores a olhar para seus resíduos e enxergar neles não um problema, mas uma oportunidade de inovar e liderar.
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