A LEI PERMITE CORTAR. A CULTURA MANDA QUEIMAR. E O BRASIL PERDE BILHÕES.
Há uma incoerência estrutural — jurídica, cultural e operacional — que atravessa o Brasil rural.
Uma contradição silenciosa, profunda e conhecida por quem trabalha com agro, florestas, siderurgia, energia e licenciamento:
O Estado autoriza a supressão de vegetação.
O produtor cumpre a lei.
Mas a cultura institucional recomenda:
“Queime tudo para não dar problema.”
Esse comportamento não nasce de ilegalidade.
Nasce de três raízes:
insegurança jurídica, comunicação confusa e ausência de diretrizes claras para a destinação da biomassa suprimida.
E assim se repete o roteiro nacional:
👉 A supressão é permitida.
👉 O aproveitamento não é orientado.
👉 A queima vira o caminho mais seguro para evitar interpretações equivocadas.
O resultado é sempre o mesmo:
perdas econômicas, emissões desnecessárias, empobrecimento do solo, desperdício energético e destruição de oportunidades de bioenergia, biochar e créditos de carbono.
A frase “melhor queimar para não dar problema” existe porque, ao longo dos anos, o produtor aprendeu a desconfiar do próprio cumprimento da lei.
Mesmo com a licença em mãos, paira a sensação de que qualquer movimento diferente do fogo pode gerar dúvida, questionamento, confusão ou desgaste reputacional.
É um paradoxo que só existe no Brasil:
Se ele aproveita a madeira legal, teme que alguém interprete como ilegal.
Se ele queima tudo, mesmo sendo uma escolha tecnicamente ruim, não desperta suspeita.
Criou-se um ambiente cultural onde o caminho menos inteligente se tornou o mais seguro.
Não por culpa do produtor.
Mas pela ausência completa de diretrizes claras sobre o destino da biomassa suprimida.
O marco legal brasileiro permite a supressão mediante licença ambiental.
Isso é previsto, regulado, autorizado e fiscalizado pelos órgãos competentes.
Mas o mesmo conjunto normativo:
não define diretrizes nacionais para o destino da madeira suprimida,
não cria incentivos econômicos para aproveitamento técnico,
não diferencia com clareza, na narrativa pública, madeira legal x madeira ilegal,
não opera um sistema integrado de rastreamento do destino final da biomassa.
E disso nasce a incoerência central:
É permitido cortar.
Não existe orientação clara para aproveitar.
A queima vira o caminho culturalmente “menos arriscado”.
Essa lacuna transforma o setor florestal em um ambiente de baixa racionalidade econômica.
Nas últimas décadas, acordos judiciais e extrajudiciais criaram restrições severas ao uso de carvão de madeira nativa pela siderurgia — mesmo quando essa madeira era legal, de supressão autorizada, com inventário, com documentação, com origem comprovada.
Esses acordos tiveram um propósito nobre: conter o desmatamento ilegal, que de fato abasteceu parte da siderurgia no passado.
E é importante dizer claramente: Sim, a siderurgia já teve responsabilidade histórica no problema.
Mas isso não é mais realidade.
Hoje, o setor siderúrgico brasileiro é:
um dos maiores consumidores de madeira plantada,
altamente regulado,
monitorado por estados, federais e termos de ajustamento,
fiscalizado por sistemas eletrônicos, DOF, MTR e auditorias,
e seguidor de compromissos rígidos de origem.
A siderurgia deixou de ser a vilã ambiental — mas continua sendo usada como bode expiatório.
Foi mais fácil, politicamente, construir uma narrativa simples:
“nativa = crime”
“siderurgia = desmatamento”
Essa narrativa gerou um efeito colateral devastador: Criou-se um tabu inconsciente que impede o aproveitamento até da madeira legal, oriunda de supressão autorizada pelo próprio Estado.
Mesmo com: licença, mapa, croqui, autorização formal, coordenadas, responsabilização técnica, parecer, estudo florestal,tudo 100% legal —
qualquer tentativa de aproveitar a biomassa gera receio.
Isso não protege a floresta.
Isso apenas destrói valor e cria medo.
Hoje, o Brasil não possui um painel nacional consolidado que responda perguntas básicas:
Quantos hectares foram suprimidos legalmente por ano?
Qual o volume de madeira resultante por bioma?
Qual foi a destinação da biomassa?
Quanto foi queimado?
Quanto gerou energia, carvão ou biochar?
Cada estado tem sua própria metodologia.
Alguns registram bem.
Outros, precariamente.
Nenhum sistema conversa com o outro.
Quando a informação é fragmentada, o medo se torna regra.
E quando o medo se torna regra, a queima vira política operacional.
Vamos usar um cenário conservador, sem superestimar nada.
Licença autorizada para supressão: 300 ha
Volume médio do cerrado: 160 m³/ha
Densidade média: 0,65 t/m³
Madeira seca: 104 t/ha
Rendimento médio de carvão: 34 t/ha
Preço conservador (2025): R$ 1.200/ton
Valor por hectare:
34 × 1.200 = R$ 40.800
Valor total dos 300 ha:
40.800 × 300 = R$ 12.240.000
Doze milhões.
Não de crédito de carbono.
Não de projeção teórica.
Mas de carvão vegetal — produto básico, com preço conservador, sem considerar pó fino e sem incluir biochar.
Em muitos casos, essa riqueza é simplesmente destruída pelo fogo aberto — por medo, não por necessidade técnica.
O Brasil opera em duas esferas paralelas:
“Nativa não deve ser usada.”
Mesmo quando é legal.
Mesmo quando a supressão é autorizada.
Mesmo quando há destinação técnica possível.
“Queime logo para evitar discussão.”
A contradição é evidente. Se o Estado autoriza cortar, o uso da madeira não pode ser tratado como suspeito por princípio.
Proibir o aproveitamento, na prática, penaliza quem cumpre a lei.
Uma política pública funcional incluiria:
Diretrizes nacionais de destinação da madeira suprimida.
Incentivos para carbonização limpa e tecnologias de bioenergia.
Desestímulo às queimadas desnecessárias.
Benefícios fiscais vinculados ao aproveitamento técnico da biomassa.
Créditos de carbono para supressão legal associada à produção de biochar.
Rastreabilidade clara e pública.
Diferenciação objetiva entre madeira legal e práticas ilegais.
Tudo isso sem ampliar desmatamento, pois se trata exclusivamente de madeira já licenciada pelo próprio Estado.
Não estamos discutindo “permitir nativa”.
Estamos discutindo não desperdiçar aquilo que o Estado já autorizou suprimir.
Madeira legal existe.
Supressão legal existe.
Valor econômico existe.
Tecnologia limpa existe.
Governança é possível.
O tabu é que impede o avanço.
A pergunta relevante não é:
❌ “Por que fazem carvão?”
A pergunta verdadeira é:
✔️ “Por que queimam riqueza?”
E até quando o país aceitará isso?
O Brasil precisa de clareza técnica, segurança jurídica e políticas públicas que tratem a biomassa suprimida como recurso — não como problema.
Se você acredita que é hora de corrigir essa incoerência e construir uma política de destinação inteligente da madeira licenciada, junte-se ao debate e ajude a levar essa reflexão adiante.
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